TEXTOS REFLEXIVOS VOLTADOS À ARTE-EDUCAÇÃO
REFLETINDO SOBRE O CONCEITO DE ARTES
Nunca se comentou tanto sobre o que é ou não é arte. Numa rápida busca na internet encontramos o mais variado público a opinar sobre o que seria arte, são religiosos, políticos, leigos assumidos, estudantes, intelectuais, artistas e até personalidades. A verdade é que o extremismo em defender seus próprios conceitos e concepções filosóficas tem cegado os aspirantes a teóricos e consumidores da arte. Alguns afirmam ser arte, outros defendem veemente tratar-se de pedofilia, me referindo como exemplo a polêmica exposição no Masp quando um homem nu interage com uma criança no Museu de Arte Moderna. Outras exposições em todo Brasil têm ganhado espaço na mídia e feito a sociedade refletir sobre o que seria arte.
Entender e conceituar arte em suas diversas atuações em diferentes épocas e culturas é de suma importância antes de se definir algo como sendo ou não arte. Um indivíduo que é capaz de reconhecer e entender a arte como parte ativa de sua cultura tende a respeitar e valorizá-la. Um recurso necessário para coibir o processo da aculturação, que nada mais é que a imposição de uma cultura sobre a outra, um dos instrumentos mais usados como forma de domínio e invasão cultural.
Mas afinal, existe ou não uma definição sobre o que seja a arte? A Arte numa definição ampla da palavra de acordo com sua etimologia proveniente do latim ARS que significa técnica e habilidade pode ser “tudo e qualquer coisa que se faça bem e com técnica”. Já segundo Platão no livro República, na sua alegoria da Caverna, a arte é uma mera imitação, pois trata-se de uma cópia grosseira do que existe previamente em outro plano, no campo das ideias. Antes de concebermos uma obra, ela é primeiramente criada em nossa mente, sendo a concepção física da obra assim uma cópia daquela que se concebeu no plano das ideias. Mas a arte não pode ser definida unicamente como imitação, pois é também expressão artística e se caracteriza como linguagem. É uma forma de comunicação humana onde o artista expressa seus sentimentos fazendo uso da sua criatividade, conhecimentos estéticos que definem o belo.
Mas o que vem a ser essa estética, o belo na Arte?
Há que se considerar também que o conceito de beleza na Arte vai além da visão que temos do ser ou não bonito, vai além do padrão de beleza que a mídia nos impõe. É harmonia, simetria, originalidade, equilíbrio e expressão de sentimentos. Os padrões de beleza mudam no decorrer dos anos e de acordo com diferentes culturas, mas toda obra de Arte é bela. Este conceito de beleza estará relacionado com a forma como cada cultura tem de sentir algo e expressar-se de acordo com seus princípios, identidade e estética. Assim, as manifestações artísticas se modificam de acordo com o momento histórico e a sociedade, expressando a identidade daquele povo. A Arte expressa questões da existência humana, os sentimentos da cultura e da época em que foi produzida nos possibilitando vivenciar sentimentos e sensações únicas.
Nessa experiência estética nossos sentimentos são despertados por aqueles concretizados na obra. A lógica é suspensa, e os sentimentos são vividos sem a necessidade de traduzi-los em palavras. Assim, a Arte não é efêmera, não morre com o tempo. Mesmo que a obra deixe de existir no caso de uma instalação ou apresentação cênica, sua mensagem deverá deixar um legado, uma reflexão ao seu expectador ou mesmo uma certa inquietação sobre o tema abordado. Aquele momento vivido tem um poder transformador.
Para ser Arte é preciso estabelecer o contato entre o artista e o público. Nesse processo de comunicação o artista é o emissor desta mensagem, o público o receptor e a linguagem artística utilizada é o veículo. Conhecer esse processo de comunicação humana é favorecer a cultura do nosso tempo, permitir uma maior compreensão da sociedade ao qual estamos inseridos e interagir com o meio. Assim podemos compreender as transformações e entender a vida ao longo da história.
No mundo em que vivemos espaços destinados à imaginação, a criatividade e a sensibilização das pessoas estão cada vez mais restritos, acredito que pelo crescente aumento do consumo da cultura de massa, a busca pelo poder, altos índices de violências e intolerância na convivência do outro e suas diferenças. Vendem a ideia que o prazer e a felicidade podem ser comprados, resultando numa insatisfação e superficialidade. A massificação não respeita as diferenças e nem mesmo as diferenças culturais. Tudo isto tem provocado uma crise de identidade e insatisfação do coletivo. A Arte vem restabelecer-se como um elemento libertador. Justamente por negar a supremacia do conhecimento exato, em favor da lógica do coração. Ela nos faz um convite para a livre atuação da imaginação e o conhecimento dos nossos sentimentos, o que contribui para nosso desenvolvimento como um todo. Quanto mais é efetivo o contato com a Arte, maior é a bagagem simbólica para representar e, consequentemente, compreender as minúcias do sentimento. E não é redundante repetirmos a máxima que “a arte imita a vida” e não o contrário. Para “imitar” e reproduzir é preciso observar, por isso todo artista é um exímio observador.

A Vênus de Willendorf , 20.000 e 22.000 anos A.C.

A Banhista de Valpinçon, de Jean Dominique Ingres, 1808.

Modelo Gisele Bunchen – Versace.
BIBLIOGRAFIA
Gombrich, de E. H. História da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
Hauser, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. Editora Martins Fontes, 1995.
Proença, de Maria das Graça Vieira dos Santos. História da Arte. Editora Ática, SP: 1997.
Ostrower, Fayga. Universo da Arte. Editora Campus.
FISCHER, Ernest. A necessidade da arte. 9 Ed. Rio de Janeiro: LCT, 2002.
Site: A arte imita a vida, que imita a vida, pesquisa realizada em 20/10/2017 às 16h24min -
Site: Brasil Escola, pesquisa realizada em 20/10/2017 às 16h46min -
A http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-estetica-na-filosofia-platao-aristoteles.htm
Site: Protestos no Masp contra proibição de exposição de arte e sexualidade para menores, pesquisa realizada em 20/10/2017 às 17h54min - Folha de São Paulo:
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