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TEXTOS REFLEXIVOS VOLTADOS À ARTE-EDUCAÇÃO 

         

ORIGEM DAS ARTES

Análise e comentário do monumento Stonehenge

 

 

     Este monumento de pedra em formato circular com dimensões que impressionam, chegando a ter 5 metros de altura e a pesar 50 toneladas, é conhecido como Stonehenge. Localizado na Grã-Bretanha, próximo a Londres na Inglaterra, foi erguido em três fases distintas, a primeira data de 3100 a.C., no entanto até os dias atuais recebe turistas de todo o mundo interessados em desvendar esta enigmática expressão artística concebida pelo homem na Pré-História.  

            Este complexo de pedras em formato circular destinava-se aos rituais mágicos aos quais o homem primitivo acreditava. Esta arquitetura possui detalhes voltado à prática ritualística como o alinhamento com o sol e as fases da lua, além das gigantescas pedras azuis acrescidas num segundo momento de sua construção. A forma como teria sido construída é meramente uma especulação, visto a forma rudimentar em que vivia o homem na Pré-História e a complexidade desta obra. Talvez este fato seja o responsável por alimentar as mais diversas crenças sobre o local, alguns chegam a atribuir a ele uma função de portal para outra dimensão e até mesmo sua autoria aos extraterrestres. Como data do final do Neolítico, final da Pré-História, quando ainda não havia registros precisos como a escrita, pouco se sabe sobre a prática função deste templo. Antes de ter sido construído, quando era apenas uma vala, tinha a função de cemitério, além de vestígios de diversos corpos cremados no local, outras ossadas próximos a área foram encontrados. Um verdadeiro sítio arqueológico, em seus arredores encontraram também joias, cerâmica, artesanatos e utensílios úteis aos homens naquele período. E quando a razão não esclarece algo, a criatividade e a fantasia dá margens ao surgimento de mitos e lendas que justifique o até então inexplicável.

            Para uma melhor compreensão da função deste monumento em tempos tão remotos, faz-se necessário entender a origem da Arte que data deste mesmo período:

 

              ORIGEM DAS ARTES: contexto histórico

            As Artes surgiram juntamente com o homem, nasceram da necessidade dele se expressar, criar e se comunicar, e até mesmo para sua própria sobrevivência, já que a Arte nesse período possuía fins mágicos segundo a crença e caracterizava-se como atividade de subsistência. As Artes na Pré-História não eram feitas para decorar, possuía fins utilitários.

            Os primeiros artistas da humanidade viviam em pequenos grupos e eram nômades, não tinham lugar fixo para habitar. Alimentavam-se da caça, da pesca e da colheita de frutos. Usavam as pedras como utensílios domésticos e mesmo como habitação, estas deram nome ao período de Idade da Pedra Lascada ou Paleolítico (+/- 1 milhão a.C.). Estes instrumentos eram feitos não só de pedra, mas de marfim e ossos, o que constituía seus artesanatos. Por habitar as cavernas tal qual seu estado original, sua arquitetura era rudimentar. Aprendeu a fazer pinturas nas paredes das cavernas que foram denominadas de pinturas rupestres.

            A crença numa arte mágica tem início nesse período, pois o homem passa a acreditar que ao pintar na parede das cavernas estava envolvendo o animal por uma certa magia. Então há uma probabilidade destas pinturas terem sido feitas por caçadores que acreditavam no poder de domínio em tudo que representavam por meio dessas pinturas. São representações de animais como ursos, bisão, cavalos, mãos, cenas de dança e caça. Para execução destas pinturas o homem desenvolveu sua própria tinta, misturando terra com carvão, sangue e gorduras de animais. Utilizavam os dedos e pinceis rudimentares feitos de madeira. Encontramos também neste período as esculturas, muitas vezes ligadas à fertilidade como a famosa Vênus de Willendorf.

            No Brasil  podemos encontrar as pinturas rupestres em diversos lugares: no nordeste, as mais conhecidas estão na Serra da Capivara e das Setes Cidades, no Piauí. Na Europa destacamos as pinturas na gruta de Lascaux na França e de Altamira na Espanha. Além dessas pinturas, o homem primitivo desenvolveu os rituais dramáticos ou cênicos, que mais tarde iria evoluir para o teatro. Antes de sair para caçar, usava uma espécie de figurino e máscaras para invocar uma espécie de magia sobre o animal a ser caçado. Quanto melhor ele imitava o animal, mas provável seria a captura, acreditava ele. Nestes rituais também encontramos a dança e a música. Além do ritmo a sonoridade se efetivava com instrumentos de percussão, dentre outros, como de uma flauta de osso encontrada na Alemanha que data aproximadamente de 35 mil anos a.C.

          Quando descobre o fogo, passa a cozinhar os alimentos, afugentar os animais e lapidar a pedra. Assim passando para o segundo período da Pré-História chamado de Neolítico ou Idade da Pedra Polida (+/- 10.000 a.C.). Seus utensílios são mais elaborados como enxadas e o tear. No final deste período teremos também os artesanatos feitos de metais, como ouro, prata e bronze. Desenvolvem a agricultura e passam a habitar por mais tempo um mesmo lugar, tornando-se sedentário. Suas cavernas assemelham-se agora a cabanas construídas de paus e ossos de mamutes, tendo o teto coberto por ramagens ou peles de animais. A arquitetura passa então a ser mais elaborada. É nesse cenário de magia, agricultura e arquitetura mais elaborada que irão construir o Stonehenge.

        Neste momento os rituais dramáticos passam a ser feitos para os deuses. Agora eles acredita na existência de uma força superior capaz de determinar e controlar fenômenos ligados ao clima e ao ciclo agrícola. Neste local, por exemplo, acredita-se que druidas realizavam rituais e sacrifícios para divindades solares. Foi pautado nesses rituais que se acredita na necessidade do homem primitivo erguer verdadeiros santuários como o Stonehenge. Não apenas para seus rituais agrícolas restrito ao ciclo de colheitas e plantios, mas até mesmo de caráter religioso e de observação astronômica. Um lugar sagrado, de energia densa, imponente e forte, visto e sentido até hoje por quem o visita.

        Estes rituais foram aprimorados até chegar na Antiguidade, quando na Grécia antiga durante um ritual para o deus Dionísio ou Baco dará origem ao teatro finalmente desvinculado da religião.

O legado do homem primitivo não se restringe ao Stonehenge. Há outros que podem ser apreciados nos dias de hoje. Destaco o complexo de Avebury, uma das mais próximas, localizada ao norte da mesma região. E Ales Stenar ao sul da Suécia, e ao norte da Escócia, nas ilhas Orkney, encontramos o Promontório de Brondgar, outro complexo com centenas de construções cercadas por uma muralha monumental, há uma probabilidade deste ser até 200 anos mais antigo que o da Grã-Bretanha. No entanto, a dimensão física e forma precisa com que o Stonehenge interage com o sol e o imaginário popular, faz dele o mais famoso e visitado dentre tantos outros.

 

     Diante de tantas evidências, é inegável a importância das Artes para a evolução humana, o homem e arte estiveram lado a lado ao longo dos séculos trilhando um caminho de evolução e transformação. Obras como estas citadas aqui e muitas outros são a prova do quanto a expressão artística foi útil a humanidade. Em resposta a este reconhecimento e importância a UNESCO em 1986 deu ao Stonehenge o título de Patrimônio Mundial. No entanto, sabemos que o valor deste complexo arquitetônico transcende qualquer título ou adjetivo material, seu valor e contribuição é de certa forma imaterial. O verdadeiro valor está em instigar a mente de gerações a pensar sobre seus antepassados, os limites da criatividade e até mesmo superar a razão e o explicável para dar lugar ao místico e fabuloso.

Promontório de Brondgar, Escócia, nas ilhas Orkney.

Complexo de Avebury.

ALES STENAR, Sul da Suécia.

         

BIBLIOGRAFIA

Gombrich, de E. H. História da Arte.  16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

Hugo B. Bozzano, Pedro Frenda e Tatiane Cristina Gusmão. Arte em Interação, Volume único para o ensino médio. Editora IBEP, SP: 2013.

Hauser, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. Editora Martins Fontes, 1995.

Proença,  de Maria das Graça Vieira dos Santos. História da Arte. Editora Ática, SP: 1997.

Ostrower, Fayga. Universo da Arte. Editora Campus. Ano: 2005.

Sites pesquisados:

PINTO, Tales dos Santos. "Santuário de Stonehenge"; Brasil Escola. http://brasilescola.uol.com.br/historiag/o-santuario-stonehenge.htm, em 10-01-2018 às 12h e 35 mim.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Stonehenge, em 13-01-2018 às 13h e 54 mim.

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