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Obesidade, entrevista de Rosa Pires para Revista Pense Leve

Foto: Franca Vilarinho - Goiás Velho, 2006.           

Uma história de sucesso

REVISTA PENSE LEVE – Ano 15 n◦179, pág. 63, maio 2007.

        

       Mais leve.

      Muito mais feliz

       O relato da atriz Rosa Pires prova que é possível dar a volta por cima e, mais do que perder peso, reconquistar a própria  vida. Relato emocionante! “Fui achada no lixo. Hoje, não há obstáculo que não possa transpor” 

– Rosa Pires, - 32kg.

           

      

 

“Fui achada no lixo! Meus pais eram muito pobres e deram-me para uma senhora, que sem poder cuidar de mim, me jogou no lixo. Resgatada, acabei sendo adotada por um outro casal. Muito desnutrida e doentinha, fui desenganada pelos médicos no hospital, mas meus pais adotivos não perderam as esperanças. Mudamos para o interior de Goiás, onde fui criada. Na roça a alimentação era saudável, sem agrotóxicos ou conservantes, mas à base de muito carboidrato. o resultado não foi outro: uma criança obesa. Na escola virei motivo de piada, eu me tornei a gordinha esquisita, que andava com roupas doadas e fora de moda. O tratamento que recebia das outras crianças só acentuou minha tendência ao isolamento. Para piorar, enquanto eu era morena, minhas irmãs adotivas eram o padrão de beleza: loiras e de olhos azuis. Minha mãe tentava compensar o jeito como elas me tratavam, com carinho, mas então, elas ficavam com ciúmes e eu, com sentimento de culpa. Comecei minha luta. Lia revistas sobre dietas e contava calorias. Fui tirando os alimentos aos poucos, até ficar quase sem comer. Fiz todas as dietas conhecidas, tomei todos os remédios e fui ludibriada por falsas promessas de emagrecimento. Emagrecia um pouco e engordava o dobro. Aí, chorava, sofria e comia até me entupir. Só tinha prazer na comida. Ia me conformando em ser para sempre gorda e feliz. Assim passou a infância, a adolescência e os 20 anos... Sem namorado, poucos amigos, sem perspectivas e deprimida.

           

    Foi quando decidi ser atriz. O teatro me ajudou na busca pelo autoconhecimento. Morava no teatro, dormia sobre o palco e era feliz na medida do possível, pois imaginava ser quem eu sonhava e não quem eu via no espelho: um monstro. Sei hoje que não era tudo isso, mas minha mente estava mais doente que meu corpo.          

          Quando a gente acha que tudo vai melhorar, outra onda nos carrega para baixo. Foi o que senti quando perdi minha mãe, a base de minha vida, meu centro, meu tudo. Um ano depois, perdi o meu pai e finalmente, a vontade de viver. Tive de chegar ao fundo do poço para entender que quem mais nos ama somos nós mesmos. Descobri um objetivo para viver. Outros me amavam e precisavam do meu amor para com eles e para comigo mesmo. Minha atitude foi radical: vendi tudo para arrecadar o dinheiro necessário à minha mudança física e espiritual. Um projeto de seis meses, em que descobri que fazer exercícios físicos, plástica, ter acompanhamento por nutricionista, endocrinologista e psicoterapeuta, não era privilégio dos ricos, mas de todos que quisessem.

            Com 100 kg e depressão profunda, fui capaz de resgatar dentro de mim uma força que me possibilitou renascer. Aprendi que sou linda, nasci para amar e ser amada. Houve muitas coisas ruins, como conhecer a forma que a sociedade trata os diferentes e como dói o preconceito. Hoje, reconheço a beleza em cada pessoa e respeito as diferenças. Sei  que ainda há muito que fazer, mas depois desta grande vitória, não há obstáculo que não possa transpor.” – por Rosa Pires.

Revista Pense Leve, entrevista com a atriz Rosa Pires.
Rosa Pires, 2007
Rosa Pires, 2007

NOTA:

A obesidade é uma doença que não tem cura. Devemos tratar a causa e combatê-la. Mas não tenha dúvida que será uma luta para o resto da vida. Depois que meu filho nasceu passei por muitas mudanças e momentos difíceis e voltei a engordar. Como aprendi o caminho de volta, dei início a mais uma longa caminhada no período de 2009 a 2014. Leia mais.

Foto: Arquivo pessoal  2007.           

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